Rui Brazão

Rui Brazão

sábado, 26 de março de 2016

As Quatro Nobres Verdades

As Quatro Nobres Verdades

Assim foi dito por Buddha, o Iluminado:
Foi por não compreender e por não realizar quatro coisas que eu discípulos, da mesma forma que vocês, tive que vagar tão longamente através desta roda de renascimentos.
E quais são estas quatro coisas? São elas:
  • A Nobre Verdade do Sofrimento;
  • A Nobre Verdade da Causa do Sofrimento;
  • A Nobre Verdade da Extinção do Sofrimento, ou a Verdade da Felicidade;
  • A Nobre Verdade da Senda que leva à extinção do Sofrimento, ou à realização da Felicidade.
Enquanto o absoluto e verdadeiro conhecimento e introspecção relativos a estas Quatro Nobres Verdades não estavam perfeitamente claros em mim, então eu não estava certo que eu tinha atingido esta suprema iluminação que é insuperável em todo o mundo com seus seres humanos e divinos, entre toda a hoste de ascetas, de pregadores e de monges.
Mas tão logo o absoluto e verdadeiro conhecimento e introspecção a respeito destas Quatro Nobres Verdades se tornaram perfeitamente claros em meu interior, então surgiu em mim a certeza de que eu tinha atingido esta Suprema Iluminação insuperável.
E eu descobri esta profunda verdade, difícil de perceber, difícil de compreender, tranquilizante e sublime, a qual não é para ser ganha por mero intelecto e é visível apenas ao sábio.
O mundo, entretanto, é dado aos prazeres, delicia-se com os prazeres, é encantado com os prazeres. Verdadeiramente, tais seres dificilmente irão compreender a lei da condicionalidade, a Origem Dependente de todos os fenómenos. Incompreensível será também para eles o fim de todas as formações, o abandono de todo substrato do renascimento, o desaparecimento do desejo, do apego, a extinção: Nibbana.
Entretanto, existem uns poucos, cujos olhos estão cobertos com uma leve camada de poeira; estes compreenderão a verdade.

A Primeira Nobre Verdade:
A Verdade do Sofrimento

Nascimento é sofrimento, envelhecimento é sofrimento, morte é sofrimento, tristeza, lamentação, dor, pesar e desespero são sofrimentos. Não ter o que se deseja é sofrimento; unidos com aqueles que não gostamos é sofrimento; separados daqueles que amamos é sofrimento. Em resumo: os cinco agregados da existência são sofrimentos.
O que é Tristeza? A tristeza surge através desta ou daquela perda ou infortúnio que a pessoa depara. Aquilo que abate profundamente a pessoa, que leva a um estado mental alarmado, cheio de tristeza e mágoa: isto é chamado tristeza.
O que é Lamentação? Seja o que for que acontece com as pessoas, esta ou aquela perda ou infortúnio que as leva a lastimar e a lamentar, a reclamar e a protestar, o estado mental de mágoa, tristeza e lamentação. Isto é chamado lamentação.
O que é a Dor? É a dor corporal. São as sensações dolorosas e desagradáveis, produzidas pelas impressões corporais. Isto é chamado dor.
O que é o Pesar? É a dor mental. São as sensações dolorosas e desagradáveis produzidas pelas impressões mentais. Isto é chamado pesar.
O que é o Desespero? É a tristeza, lamentação e pesar em estágio mais profundo e doloroso que surge através deste ou daquele infortúnio que alguém depara em sua vida. Isto é chamado desespero.

Os cinco agregados da Existência

São: corpo, sensação, percepção, formações mentais e consciência.
  • Corpo: É formado pelos quatro elementos e a corporealidade dependente deles. Os quatro elementos são: sólido, líquido, calor e ar.
  • Sensação: Existem três tipos de sensações: agradável, desagradável e neutra. Estas três se tornam dezoito porque ocorrem nas seis janelas dos sentidos: visão, audição, olfacto, paladar, corpo e mente.
  • Percepção: O que é? “Percebe-se meu amigo, portanto isto é percepção.” Existem seis classes de percepção: percepção das formas (visão) dos sons, odores, gosto, impressões corporais e objectos mentais.
  • Formações Mentais: São os elementos formadores da consciência: contacto, volição e atenção. Há seis tipos de volição em relação à visão, audição, olfacto, paladar, corpo e mente.
  • O grupo  da Consciência: Há seis tipos de consciência: consciência em relação à visão, audição, paladar, corpo e mente.

Origem dependente da Consciência

O surgimento da consciência é dependente de condições e sem estas condições nenhuma consciência surge. E dependendo de tais condições surge um determinado tipo de consciência, assim ela é chamada:
  • Consciência cujo surgimento depende dos olhos e o mundo material, é chamada consciência visual.
  • Consciência cujo surgimento depende dos ouvidos e os sons, é chamada consciência auditiva.
  • Consciência cujo surgimento depende do nariz e dos odores, é chamada consciência olfactiva.
  • Consciência cujo surgimento depende da língua e do paladar, é chamada consciência do paladar.
  • Consciência cujo surgimento depende do corpo e tudo que toca o corpo, é chamada consciência do corpo.
  • Consciência cujo surgimento depende da mente e objectos da mente, é chamada consciência da mente.

A Consciência depende dos outros Quatro Agregados da Existência

E é impossível que alguém possa explicar o passamento de uma para outra existência e a entrada para uma nova existência ou o crescimento, aumento e desenvolvimento da consciência, independentemente da corporealidade, sensação, percepção e formações mentais.

A Três Características da Existência

Todas as formações são impermanentes; todas as formações são insatisfatórias e todos os fenómenos psico-físicos são vazios de um Ego. O corpo é transitório, sensação é transitória, percepção, formações mentais e consciência são transitórias.
E aquilo que é transitório é sujeito a sofrimento. E aquilo que é impermanente e sujeito a sofrimento e mudanças não se pode correctamente dizer: Isto pertence a mim; isto sou eu; isto é o meu Ego.
Portanto, em relação aos cinco agregados da existência, deve-se entender de acordo com a realidade e a verdadeira sabedoria:

Isto não sou eu
Isto não pertence a mim
Isto não é o meu Ego

A Doutrina do Não Eu (Anatta)

A existência individual, da mesma forma que todo o mundo, é, na realidade nada, além de um processo fenoménico de ininterrupta mudança, o qual está todo compreendido nos cinco agregados da existência.
Este processo vem fluindo desde tempos imemoriais, antes do nosso nascimento e também após a nossa morte continuará por interminável período de tempo, enquanto e até quando houver condições para tal.
Os cinco agregados da existência, tomados separadamente ou em conjunto, em nenhuma maneira constitui um real Ego-entidade ou personalidade e igualmente nenhum subjectivismo, alma ou substância pode ser encontrada fora desses grupos como seu dono ou possuidor.

Em outras palavras; os cinco agregados da existência são "não-ego" nem eles pertencem a um Ego. Em vista da impermanência e condicionalidade de toda existência, a crença em qualquer forma de Ego ou Subjectivismo, eu ou pessoa, deve ser considerada como uma ilusão.
A designação pela palavra "casa", e meramente um nome conveniente para vários materiais colocados conjuntamente, como cimento, areia, pedras, tijolos, portas, janelas, telhas etc., após um certo modelo e deixando um espaço vazio entre as paredes, mas na realidade não há nada que eu possa tocar e dizer: “isto aqui é uma casa” além daqueles materiais. Da mesma forma aquilo que chamamos ser, indivíduo, pessoa, ou eu, não é nada, mas uma constante combinação de fenómenos psíquico-fisicos e que não têm existência real em si mesmo.
Esta é em resumo a doutrina do não-eu (Anatta) do Buddha, o ensinamento que toda a existência é vazia de uma entidade permanente ou substância.
Suponhamos que um homem, que não seja cego, observa as centenas de bolhas do rio Ganges, enquanto elas fluem rio abaixo, e ele as contempla e cuidadosamente as examina. E após este cuidadoso exame, elas aparecem para ele vazias, irreais e sem qualquer substância.
Da mesma forma, o discípulo contempla todos os fenómenos corporais, as sensações, percepções, formações mentais e estados de consciência, sejam eles do passado, presente ou futuro, próximo ou distantes. E ele observa com plena atenção e os examina cuidadosamente e após esta cuidadosa pesquisa, eles aparecem para ele como ocos, vazios, insubstanciais e sem um Ego.

As Três Advertências

Velhice, doença e morte. Você nunca viu em sua vida, neste mundo, um homem ou mulher, 80, 90, 100 anos ou mais, frágil, encurvado como um telhado empenado, apoiando-se em muleta, com passos de criancinha, sem firmeza, a juventude há muito o deixou, com dentes quebrados, cabelos escassos ou calvo, rugados com membros manchados e o pensamento nunca veio em sua mente que você também está sujeito á velhice, que você também não escapará dela?
Você nunca viu neste mundo um homem ou mulher que esteja doente, atingido por grave doença, espojando-se nas suas próprias porcarias, levantado da cama por alguém e novamente colocado por outros? E o pensamento nunca veio em sua mente que você também está sujeito à doença, que você também não escapará dela?
Você nunca viu em sua vida o cadáver de um homem ou mulher, um, dois ou três dias após a morte e nunca o pensamento veio à sua mente que você também está sujeito à morte, e que não há fuga para isto?

Samsara: O Mar da Existência

Inconcebível é o princípio deste Samsara, não para ser descoberto em qualquer primeira causa dos seres, os quais obstruídos pela ignorância e enganados pelo desejo, são levados de roldão através desta roda de renascimento.
Samsara, também chamado a Roda da Vida, é o contínuo processo de sempre repetidamente nascer, crescer, envelhecer e morrer. Na realidade, é a inquebrantável sequência da combinação dos cinco agregados da existência, os quais, constantemente mudando de momento a momento continuamente, um após o outro, através de inconcebíveis períodos de tempo.
O que você pensa que é mais? A torrente de lágrimas, na qual, chorando, pranteando e lamentando, você já verteu ao longo desta interminável caminhada, sendo levado de roldão através desta roda de renascimento, unidos com os indesejáveis e separados dos desejáveis — isto, ou as águas dos três grandes oceanos?
Por tanto tempo você tem sofrido a morte do pai e mãe, de filhos, filhas, irmãos, irmãs. E enquanto assim, você estava sofrendo, você verteu realmente mais lágrimas do que as águas dos três grandes oceanos.
Mas como isto é possível? Porque é inconcebível o princípio deste qualquer Samsara, não para ser descoberto em enganados pelo desejo, são levados de roldão através desta roda de renascimento.

A Segunda Nobre Verdade: A Nobre Verdade da Origem do Sofrimento

Qual é a causa do sofrimento? É a ignorância, desejo e apego; cobiça, ódio e ilusão; orgulho, egoísmo, inveja e vaidade.

Três Tipos de Desejo

  • Desejo para os prazeres dos sentidos.
  • Desejo de eternalismo — existência eterna.
  • Desejo de aniquilamento com a morte.

Origem do Desejo

 Mas onde o desejo surge, aonde ele encontra sua raiz? Aonde for que neste mundo existam coisas deliciosas e agradáveis, lá o desejo surge, lá ele toma raízes. Olhos, ouvidos, nariz, língua, corpo e mente são deliciosos e agradáveis; lá o desejo surge e toma raiz.
Objectos visuais, sons, cheiros, gostos, impressões corporais e objectos mentais são deliciosos e agradáveis; lá o desejo surge e toma raiz.
Consciência, impressões sensoriais, sensação nascida das impressões sensoriais, percepção, vontade, pensamento e reflexão são deliciosos e agradáveis: lá o desejo surge e toma raiz.

Origem Dependente de Todos os Fenómenos

  • Ignorância condiciona às formações kármicas.
  • As formações kármicas condicionam a consciência.
  • A consciência condiciona os fenómenos psico-físicos.
  • Os fenómenos psico-físicos condicionam as seis bases.
  • As seis bases condicionam o contacto.
  • O contacto condiciona a sensação.
  • A sensação condiciona o desejo.
  • O desejo condiciona o apego.
  • O apego condiciona o vir-a-ser.
  • O vir-a-ser condiciona o nascimento.
  • O nascimento condiciona a decadência e morte, tristeza, lamentação, dor, pesar, ressentimento e desespero.
Assim surge toda esta imensa massa de sofrimento.

Futuro Resultado do Karma

 As pessoas que tomam um mau caminho e agem erradamente pelos pensamentos, palavras e actos, quando ocorre a morte, eles caem em um inferior estado de existência, um estado de sofrimento, um infeliz destino no abismo do inferno.

Karma como Volição

É a volição que eu chamo Karma. Tendo vontade, a pessoa age pelo corpo, palavra e mente.
Existem karmas cujos resultados são no inferno, no reino animal, ou no domínio dos fantasmas, entre os homens ou nos mundos celestiais.

Os resultados kármicos são:
  • aqueles cujo retorno é na vida presente;
  • aqueles cujo retorno é na próxima vida;
  • aqueles cujo retorno é em vida futura.

Herança das Acções

Todos os seres são proprietários de suas acções, são herdeiros de suas acções; suas acções são o ventre do qual eles surgem; com suas acções eles estão ligados, suas acções são seus refúgios: sejam quais forem as acções que eles executam — boas ou mas — destas eles serão os herdeiros.
E onde quer que os seres novamente entrem na existência, lá suas acções irão amadurecer; e onde quer que suas acções amadureçam, lá eles irão colher os frutos daquelas acções, seja nesta vida, seja próxima vida ou em qualquer outra vida futura.

A Terceira Nobre Verdade:
A Nobre Verdade da Extinção do Sofrimento,
ou a Verdade da Felicidade

O que é a Nobre Verdade da Extinção do Sofrimento? É o completo desaparecimento e extinção da ignorância do desejo, seu enfraquecimento e abandono, libertação e desapego dele.
Mas onde esta ignorância e desejo devem enfraquecer, onde devem eles extinguir. Onde que neste mundo existam coisas deliciosas e agradáveis, lá a ignorância e o desejo devem enfraquecer, lá eles devem extinguir.
Seja no passado, presente ou futuro qualquer que seja o monge ou discípulo que considera e enfoca as coisas deliciosas e agradáveis deste mundo como impermanentes, insatisfatórias e impessoais (sem um Ego), como sendo uma doença, é ele que vai superar a ignorância e o desejo.

Extinção Dependente de Todos os Fenómenos

  • Do abandono e cessação da ignorância, a cessação das formações kármicas.
  • Da cessação das formações kármicas, a cessação da consciência.
  • Da cessação da consciência, a cessação dos fenómenos psico-físicos.
  • Da cessação dos fenómenos psico-físicos, a cessação das seis bases.
  • Da cessação das seis bases, a cessação do contacto.
  • Da cessação do contacto, a cessação da sensação.
  • Da cessação da sensação, a cessação do desejo.
  • Da cessação do desejo, a cessação do apego.
  • Da cessação do apego, a cessação vir-a-ser.
  • Da cessação do vir-a-ser, a cessação do nascimento.
  • Da cessação do nascimento, a cessação da decadência e morte, tristeza, lamentação, dor, pesar, ressentimento e desespero.
Assim se dá a cessação de toda esta imensa massa de sofrimento.
Se um fogo que está sendo alimentado por gravetos não obtém mais este combustível, ele irá, após consumir todo o velho combustível, tornar-se extinto.
Da mesma forma, o processo dos cinco agregados da existência, que no ignorante cria a ilusão de um Ego-entidade, é produzido e alimentado pela ignorância, desejo e apego e mantido pelo armazenamento desta energia vital. Após este combustível ter cessado e se um novo combustível (ignorância, desejo e apego) não mais impelir o processo dos cinco agregados da existência, a vida continuará enquanto e até quando existir energia vital acumulada, mas com a sua destruição na morte, os cinco agregados da existência alcançarão final extinção. Isto é Nibbana ou extinção do sofrimento.

Nibbana

Isto verdadeiramente é paz, isto é o mais elevado, a saber, o fim de todas as formações kármicas, o abandono de todo substrato de novo nascimento, o fim da ignorância, desejo, apego, extinção, Nibbana.
Assim é Nibbana, imediato, visível nesta vida, convidativo, atractivo e compreensível pelo sábio.
A extinção da ignorância, desejo e apego; da cobiça, ódio e ilusão; isto verdadeiramente é chamado Nibbana.

Arahat: O Santo, Sábio e Iluminado

E para o discípulo assim livre, em cujo coração reina a paz, não há nada mais a ser acrescentado àquilo que ele já fez nem nada mais resta para ele a fazer. Como uma sólida massa de rocha permanece inabalável pelo vento, do mesmo modo, nem formas visuais ou som, nem odores ou gosto, nem o contacto de qualquer natureza, nem o desejável ou o indesejável poderão fazê-lo entrar em vibração. Inabalável está a sua mente, foi ganha a libertação.
E ele que já considerou todos os contrastes deste mundo, não é mais perturbado por nada, seja o que for, pacífico por excelência, livre da raiva, da tristeza e da saudade, ele passou além do nascimento, da decadência e da morte.

O Imutável

Verdadeiramente, existe um Reino, onde não há nem o sólido ou líquido, nem o elemento calor e nem o ar, nem este mundo nem outro mundo, nem o sol ou a lua.
Isto eu chamo, nem surgimento ou passamento, nem permanecer imóvel, nem nascimento ou morte. Não há nenhum apoio para os pés, nenhum desenvolvimento ou qualquer base. Isto é o fim do sofrimento.
Existe o não-nascido, o não-originado, o não-criado e não-formado. Se não existisse este não-nascido, o não-originado, o não-criado e não-formado, a libertação do mundo do nascido, do originado, do criado e do formado não seria possível.

Mas desde que existe o não-nascido, o não-originado, o não-criado e o não-formado, consequentemente, é possível a libertação do mundo do nascido, do originado, do criado e do formado.

A Quarta Nobre Verdade:
 A Nobre Verdade da Senda que
Leva à Extinção do Sofrimento

Os Dois Extremos e o Caminho do Meio

Entregar-se a si mesmo nos prazeres sensuais, o comum, vulgar, mundano sem qualquer proveito para a vida santa ou entregar-se às duras práticas ascéticas de mortificação do como, que é doloroso, e também sem qualquer proveito para a vida santa.
Estes dois extremos o Iluminado rejeitou e descobriu a Senda do Meio, a qual proporciona a qualquer um a capacidade de ver e de conhecer, que leva à paz, ao discernimento, à iluminação e ao Nibbana.
E qual é este Caminho do Meio? É a Nobre Senda Óctupla. É a Quarta Nobre Verdade, o Caminho que leva à extinção do sofrimento.
Palavra Correcta
Acção correcta
Meio de Vida Correcto 
Moralidade 
Esforço Correcto
Plena Atenção Mental Correcta
Concentração Correcta  
Cultura Mental
Correcta Compreensão
Correcto Pensamento 
Sabedoria 

Este é o Caminho do Meio, descoberto pelo Abençoado, o qual proporciona a qualquer um a ver e a compreender que leva à paz, ao discernimento, à iluminação e ao Nibbana.

Livre da dor e da tortura é esta senda, livre de lamento e sofrimento: é uma senda perfeita.
Verdadeiramente, como esta senda, não existe outra para a purificação dos seres. Se você seguir esta senda, porá um fim ao sofrimento.

Mas cada um tem que se esforçar por si mesmo, os Iluminados apenas apontam o Caminho.
Dê ouvidos a isto, pois a imortalidade foi descoberta. Eu revelo, eu proclamo a verdade. Desde que eu revele para vocês, assim ajam. E o supremo objetivo da vida santa, para a realização da qual, filhos de boas famílias abandonam seus lares para uma vida de renúncia sem lar, e muitos nesta própria vida atingiram a meta final.

Grupo da Moralidade

A. Palavra Correcta

  •  Abster-se de mentir, caluniar e denunciar.
  • Abster-se de levar e de trazer conversas que possam causar desarmonia e discórdia.
  • Abster-se de palavras pesadas, duras, grosseiras, ofensivas e maliciosas.
  • Abster-se de tagarelice, conversas frívolas e desnecessárias.
  • Abster-se de falso testemunho e juízos apressados.
Palavra Correcta é aquela que perdoa, que ensina, que ilumina, que eleva, que ora pelos vivos e pelos mortos e que corrige sem magoar. A palavra correcta é aquela que é meiga, doce, mansa e calma, que diz a verdade sem chocar e que leva à paz, à harmonia, à concórdia e à união. Enfim, a caridade através da palavra é a mais alta forma de caridade.
Conexões com outros Elos da Senda: Ao compreender a palavra errónea como errónea e a palavra correcta como correcta, pratica-se a correcta compreensão. E ao fazer esforço para superar a palavra errónea e fazer surgir a palavra correcta, pratica-se o Esforço Correcto. Ao superar a palavra errónea com mente atenta e treinando a mente para possuir a palavra correcta, pratica-se a Plena Atenção Mental Correcta.
Portanto, há três elos da senda que sempre acompanham a Palavra Correcta: Correcta Compreensão, Esforço Coreto e Plena Atenção.

B. Acção Correcta

O que é a Acção Correcta?
  • Abster-se de destruir os seres vivos, isto é, não matar.
  • Abster-se de pegar para nós aquilo que não nos pertence, isto é, não roubar.
  • Abster-se de erróneo comportamento sexual.
  • Abster-se de droga, álcool, cigarro ou qualquer outra coisa que possa envenenar nosso corpo e mente.
Conexões com outros Elos da Senda: Da mesma forma que a Palavra Correcta, neste caso, três elos também acompanham e seguem a Acção Correcta, a saber: Correcta Compreensão, Esforço Correcto e Plena Atenção Mental Correcta.

C. Meio de Vida Correcto

Quando o discípulo evita uma errónea maneira de viver, obtém o seu sustento por uma maneira correcta, isto é chamado Meio de Vida Correcto.
São erróneas estas atitudes para se ganhar vantagens e lucros: a fraude, a falsidade, a trapaça, a usura e a adivinhação. Quatro tipos de comércio o discípulo deve evitar: comércio com armas, com seres vivos, com carne e com drogas. Três profissões devem ser evitadas: caçador, pescador e abatedor.
Conexões com outros Elos da Senda: Neste factor também três elos da senda sempre o acompanha, ou seja: Correcta Compreensão, Esforço Correcto e Plena Atenção Mental Correcta.

Grupo da Cultura Mental

A. Esforço correcto

É o esforço bem balanceado, bem equilibrado que se mantém no meio, equidistante dos dois extremos, ou seja, da vida voltada para os prazeres dos sentidos e das duras práticas ascéticas de mortificação do corpo.
Existem quatro tipos de Esforços:
  • Esforço de evitar o mal.
  • Esforço de superar o mal.
  • Esforço de fazer surgir o bem.
  • Esforço de manter e desenvolver o bem.

Esforço de evitar o mal

Neste caso o discípulo exercita a sua vontade para evitar o surgimento do mal e coisas demeritórias que não tenham ainda surgido e ele faz esforço, movimenta a sua energia, exerce sua mente e luta consigo mesmo.
Ele se esforça para guardar aquilo, através do qual, o mal e coisas negativas como a cobiça e a tristeza, o orgulho, egoísmo, inveja e vaidade que possam surgir se ele permanecer com os sentidos não guardados, e assim, ele vigia os sentidos, restringe os seus sentidos.
Possuindo este nobre controle sobre os sentidos, ele experimenta intimamente um sentimento de alegria, onde nenhum mal possa penetrar.

Esforço de superar o mal

Nesse caso o discípulo exercita sua vontade para superar o mal e coisas demeritórias que já tenham surgido e ele faz esforço, exerce sua energia, treina sua mente e luta consigo mesmo.
Ele não retém nenhum pensamento de sensualidade, raiva ou pesar ou nenhum outro estado de consciência negativo que possa ter surgido. Ele os abandona, os faz dispersar, os destrói e os faz desaparecer.
Assim, o discípulo faz o esforço de superar as Dez Hostes de Mara (As Dez Imperfeições):
  • Sensualidade
  • Aversão
  • Fome e sede (gula)
  • Desejo
  • Preguiça, sonolência e torpor
  • Medo
  • Dúvida
  • Hipocrisia e estupidez
  • Ganho e elogio / honra e fama — falsamente obtidos
  • Exaltar-se a si mesmo e desprezar os outros

Esforço de fazer surgir o bem

Nesse caso o discípulo exercita sua vontade para fazer surgir os estados meritórios de consciência e todos os bons e elevados pensamentos e ações que ainda não tenham surgido e ele faz esforço, exercita sua energia, exerce sua que mente e luta consigo mesmo.
Assim o discípulo desenvolve os sete Factores de Iluminação, a saber:
  • Plena Atenção
  • Investigação da natureza da Doutrina
  • Energia
  • Alegria — Felicidade
  • Tranquilidade
  • Concentração
  • Equanimidade
O discípulo também faz o esforço de fazer surgir as Dez Perfeições:
  • Caridade
  • Moralidade
  • Renúncia
  • Sabedoria
  • Esforço
  • Paciência
  • Veracidade ou honestidade
  • Firme determinação ou resolução
  • Bondade — benevolência — amor
  • Equanimidade
Da mesma forma, o discípulo faz o Esforço Correcto para fazer surgir estas Dez Acções Meritórias:
  • Generosidade
  • Moralidade
  • Meditação
  • Reverência ou respeito
  • Serviço não-egoísta
  • Transferência de mérito
  • Alegrar-se com os méritos e sucesso dos outros
  • Ouvir o Dhamma (Doutrina)
  • Expor o Dhamma
  • Ter correctos pontos de vista e correcta compreensão

Esforço de manter e desenvolver o bem

Aqui, o discípulo exercita a sua vontade para manter e desenvolver todas as coisas boas e meritórias que já tenham surgido nele, todos os bons condicionamentos e boas práticas, não permitindo que eles caiam no esquecimento e desapareçam.
Assim ele se esforça para que todas estas boas coisas possam crescer até a maturidade e plena perfeição e desenvolvimento. E ele faz esforço, estimula sua energia, exerce sua mente e luta consigo mesmo.
O Esforço de evitar, superar, fazer surgir, manter e desenvolver foram proclamados pelo Abençoado e aqueles que firmemente se apegam a eles porão um fim ao sofrimento.

B. Plena Atenção Mental Correcta

O único caminho que conduz à purificação, a superar a tristeza e lamentação ao fim da dor e do pesar, a entrar na senda correcta e realização do Nibbana, é através dos Quatro Fundamentos da Plena Atenção. E quais são os quatro? São os seguintes:
  • Contemplação do Corpo
  • Contemplação das Sensações
  • Contemplação dos Estados de Consciência
  • Contemplação dos Objectos da Mente

Garantia de Realização

Verdadeiramente, ó discípulo, se qualquer pessoa praticar estes Quatro Fundamentos da Plena Atenção desta maneira por sete anos, então, um dos dois frutos é próprio de se esperar: a suprema iluminação, Arahat, aqui e agora ou se alguma forma de apego ainda estiver presente, o terceiro estágio de iluminação chamado Anagami.
Ó discípulos, deixemos sete anos. Se qualquer pessoa praticar estes Quatro Fundamentos da Plena Atenção desta maneira por seis anos, por cinco anos, quatro anos, três, dois, um ano, então, para esta pessoa, um dos dois frutos é próprio de se esperar: a iluminação — Arahat, aqui e agora ou se alguma forma de apego ainda estiver presente o 3° estágio de iluminação — Anagami.
Ó discípulos, deixemos um ano. Se qualquer pessoa praticar estes Quatro Fundamentos da Plena Atenção desta maneira, por sete meses, seis meses, cinco, quatro, três, dois, um mês, ou meio mês ou até uma semana, então para ele, um dos dois frutos é próprio de se esperar: a iluminação, Arahat aqui e agora e se alguma forma de apego ainda estiver presente, o 3º estágio de iluminação Anagami.
Por causa disto, foi assim dito: este é o único caminho, ó discípulos, para a purificação dos seres, para a superação da tristeza e lamentação, para a destruição do sofrimento e do pesar, para atingir a senda correcta e a realização do Nibbana, a saber: os Quatro Fundamentos da Plena Atenção.

C. Concentração Correcta

Concentração é a unipolarização da mente, ou seja, a mente voltada, concentrada em um objecto, seja ele qual for. A concentração correcta é sempre acompanhada do Esforço Correcto, da Plena Atenção Mental Correcta e do Pensamento Correcto. Os objectivos da Concentração são os Quatro Fundamentos da Plena Atenção e os seus requisitos são os Quatro Esforços Correctos.
Os cinco principais obstáculos para a prática da Concentração são:
  • Sensualidade
  • Raiva
  • Sonolência, Preguiça e Torpor
  • Agitação e Preocupação
  • Dúvida (Falta ou fraqueza na Fé)

Grupo da Sabedoria

A. Correcta Compreensão

O que é a Correcta Compreensão?
  • Compreender as Quatro Nobres Verdades (Compreender o Sofrimento; Compreender a causa do Sofrimento; Compreender a extinção do Sofrimento; Compreender a senda que leva à extinção do Sofrimento).
  • Compreender as Acções Meritórias e as suas raízes e as Acções Demeritórias e as suas raízes.
  • Compreender as Três Características da Existência (Impermanente, Insatisfatória, Impessoal)

Perguntas sem sentido

Se o mundo é eterno ou temporal, finito ou infinito; se o princípio vital é idêntico ao corpo ou alguma coisa diferente; se o Buddha continua após a morte ou se não continua.
Então o Buddha esclarece que se existe a teoria ou se não existe teoria a respeito do mundo, se ele é eterno ou temporal, finito ou infinito, entretanto sem qualquer dúvida existe nascimento, existe decadência, existe morte, tristeza, lamentação, dor, pesar e desespero, a extinção de tudo isto, realizável nesta presente vida, eu proclamo diante de todos.

Os Cinco Grilhões

As pessoas em geral são ignorantes a respeito dos ensinamentos dos homens santos, e não treinados na nobre doutrina. E o coração delas é possuído e superado pela ilusão da existência de um Eu, pela dúvida, pelo apego a meras regras e rituais, pela sensualidade e pela raiva; e como libertar-se destas coisas, ele em realidade não sabe como.

Considerações Não Sábias

Não sabendo o que é digno de consideração e o que é indigno, ele considera justamente o indigno e não o digno. E, ignorantemente, ele reflecte: eu existi no passado? ou eu não existi no passado? O que eu fui no passado? Como eu fui no passado? De qual estado e para que estado eu mudei no passado? Eu existirei no futuro? Ou eu não existirei no futuro? O que eu serei no futuro? Como eu serei no futuro? E o presente também o enche de dúvidas: Eu sou? Ou eu não sou? O que eu sou? Como eu sou? Este ser, de onde ele veio e para onde ele vai?

Sábias Considerações

O instruído e nobre discípulo, entretanto, que tem lembrança dos homens santos, conhece os ensinamentos dos homens santos e é bem treinado na nobre doutrina; ele compreende o que é digno de consideração e o que é indigno. E sabendo isto, ele considera o digno e não o indigno.
O que é sofrimento, ele sabiamente considera.

Qual é a causa do sofrimento, ele sabiamente considera. O que é a extinção do sofrimento, ele sabiamente considera. Qual é a senda que leva à extinção do sofrimento, ele sabiamente considera.

Os Dez Grilhões

  • Ilusão da existência de um Eu
  • Dúvida
  • Apego a mera regras e rituais
  • Desejo sensual
  • Raiva
  • Desejo da vida em planos de matéria subtil
  • Desejo da vida em planos imateriais
  • Orgulho, vaidade, presunção — amor próprio
  • Agitação e inquietação mental
  • Ignorância

Os Nobres Discípulos

 Quem se libertar dos três primeiros grilhões é chamado Sotapanna, ou aquele que "entra na correnteza" (do Nibbana). Ele tem uma fé inabalável no Buddha, Dhamma e Sangha, sendo incapaz de quebrar os cinco preceitos de moralidade. Ele terá no máximo mais sete renascimentos e nunca em um estado inferior ao mundo humano.
Aquele que superar o quarto e quinto grilhões em sua forma mais grosseira, é chamado Sakadagami, ou aquele que volta mais uma vez e em seguida atinge a suprema iluminação.
Aquele que supera completamente os cinco primeiros grilhões que prendem as pessoas à roda dos renascimentos é chamado Anagami ou aquele que não volta mais. Após a morte, ele viverá no mundo de matéria subtil e de lá ele atingirá a Iluminação completa.
Aquele que supera todos os dez grilhões é o perfeito, santo, sábio e iluminado, o Arahat.

As Três Características

Apareçam ou não apareçam os iluminados neste mundo, ainda permanece uma firme condição, um imutável fato e lei fixa: que todas as formações são impermanentes, que todas as formações são insatisfatórias e que tudo é sem um Ego (Anatta).
Um fenómeno corpóreo, uma sensação, percepção, uma formação mental ou consciência, que seja permanente e persistente, eterna e não sujeita a mudança, tal coisa o homem sábio não reconhece neste mundo e eu também digo que não existe tal coisa.
E é impossível que alguém que tenha atingido a correcta compreensão considere alguma coisa como sendo o seu Ego.

Discussão a Respeito do Ego

Se alguém diz que sensação é o seu Ego, deve-se responder o seguinte. Existem três tipos de sensações: agradável, desagradável e neutra. Qual destas três sensações você considera o seu ser? porque, no momento que você experimenta uma sensação, não se experimenta a outra.
Então, se alguém disser que sensação realmente não é seu ser, e que o seu ser é inacessível à sensação, a esta pessoa deve-se responder: onde não existe qualquer sensação, é possível dizer: "isto sou eu?"
Dizer que a mente, ou os objectos da mente, ou a consciência mental constitui o seu ser, tal afirmação é infundada. Porque um surgimento e um passamento é visto aí, então a pessoa devia chegar à conclusão que o seu ser surge e passa.
É muito melhor para aquele que desconhece a realidade, considerar o seu corpo, construído dos quatro elementos como o seu ser, do que a mente. Porque é evidente que o corpo possa durar um ano, dois, cinco, dez, vinte, cinquenta, ou mesmo cem anos ou até mais. Mas aquilo que é chamado pensamento ou mente ou consciência, surge continuamente, durante o dia à noite como uma coisa e desaparece como outra coisa.
Assim seja qual for a corporealidade, sensação, percepção, formações-mentais ou consciência, deve-se compreender de acordo com a realidade e a verdadeira sabedoria.
Isto não pertence a mim
Isto não sou eu
Isto não é meu Ego (Ser)

Presente, Passado e Futuro

No passado apenas aquela existência foi real, mas irreal a presente e a futura existência. No futuro, apenas a futura existência será real, mas irreal a passada e a presente existência. Agora, apenas a presente existência é real, mas irreal a passada e a futura existência.
Verdadeiramente, aquele que percebe a Origem Dependente, percebe a verdade e aquele que percebe a verdade, percebe a Origem Dependente.
Da mesma forma que da vaca vem o leite e do leite a coalhada, da coalhada a manteiga e quando ele é leite, não é tomado ou considerado como coalhada e quando coalhada não é considerado como manteiga. Da mesma forma a minha existência passada naquele tempo era real, mas irreal a futura e a presente existência. E a minha futura existência será real quando chegarmos naquele futuro, e irreal a presente e a passada existência.

Os Dois Extremos

O Aniquilamento, o Eternalismo e a Doutrina do Meio: Verdadeiramente, se alguém sustenta o ponto de vista que o princípio vital é idêntico ao corpo, neste caso, a vida santa não seria possível. E se alguém sustenta o ponto de vista que o princípio vital é alguma coisa completamente diferente do corpo, neste caso também, a vida santa não seria possível.
Estes dois extremos, o Iluminado rejeitou e proclamou a Doutrina do Meio que mostra a origem dependente de todos os fenômenos psico-físicos.
Esta origem dependente é um princípio estrutural simples: para B estar presente, A tem que estar presente e reciprocamente, quando A está ausente B está também ausente. E um princípio que não envolve tempo ente os factores A e B.
Assim, dependendo do desejo, surge o apego. Se não existir desejo de espécie alguma, tendo havido a cessação do desejo, seria possível surgir algum Apego? A resposta evidente, é não.
Assim surgem todos os 12 elos da Roda da Vida, sempre dependendo de causas e condições para o seu surgimento e eliminando estas causas e condições estes factores são também eliminados.
"Neste sentido, alguém poderá dizer que eu ensino e prego o aniquilamento, que eu proclamo esta doutrina com o propósito do aniquilamento e que nesse sentido eu treino os meus discípulos. Certamente, eu prego e ensino o aniquilamento, a saber, da cobiça, do ódio e da ilusão, da mesma forma que de todas as acções más e demeritórias."
Quando o sol brilha sobre a superfície lisa da areia, aparece o fenómeno chamado miragem. Então eu tenho uma ilusão e estou equivocado ao tomar o fenómeno como sendo Água. A ilusão de água está lá o tempo todo, apesar de que na realidade não é água. Eu estou apenas iludido em pensar que estou vendo água. Para eu perceber o fenómeno correctamente, tenho que compreender que ele é não-água.
Assim acontece com a ilusão de um Ego de um Ser. A ilusão está presente o tempo todo. Assim, eu tenho que compreender que o fenómeno considerado como Eu ou Ser, na realidade é não-eu (Anatta).
Fazer uma afirmação positiva ou negativa a respeito da “água” em relação à miragem, é laborar aceitando falsidade com valor real. Dizer que “a água existe” que “a água não existe” é basear tal declaração sobre uma falsa premissa "água".

Da mesma forma, fazer a afirmação, positiva ou negativa a respeito do Ego ou Ser é laborar, aceitando falsidade como valor real. Por esta razão, o Buddha rejeita tanto afirmar como negar o Ego, quando lhe é perguntado se o Ego ou o Ser existe ou não existe.
Responder categoricamente que o Ego existe ou não existe, seria não sábio. Na realidade, enquanto que nenhum Ego é jamais encontrado ou existente, a ilusão Ego existe, é encontrada, e está o tempo todo presente.
Para as pessoas que colocam perguntas directas a respeito de ilusões, a resposta correcta não é dizer: "sim" ou "não", mas ministrar para elas instrução apropriada.
Não significa que a miragem, como tal, não exista. A miragem existe e persiste. Da mesma forma, o Ego, como tal, existe e persiste como "meu ser" ou "Eu" que distinto de todas as outras coisas: Eu e o mundo, vindo daí a ilusão de, separabilidade e o egoísmo.

B. Correcto Pensamento

Na mente estão as cinco raízes do mal e também as cinco raízes do bem. Portanto correcto pensamento é o esforço para tirar os nossos pensamentos das raízes do mal para as raízes do bem, ou seja:
  • Da ilusão e ignorância: para a compreensão e sabedoria.
  • Da cobiça, ambição, avareza, ganância e apego: para a caridade, renúncia, desapego, generosidade e prodigalidade.
  • Do ressentimento, impaciência, raiva, ira, cólera, ódio, maldade e crueldade: para a paciência, benevolência, indulgência, compaixão, mansidão, amabilidade e amor.
  • Do egoísmo e egocentrismo: para a fraternidade, o amor ao próximo e o amor universal.
  • Do orgulho, inveja e vaidade: para a humildade e a simplicidade.
Conexão com Outros Elos da Senda: Ao compreender o erróneo pensamento como erróneo e o correcto pensamento como correcto, nesse momento pratica-se a correcta compreensão. E ao fazer esforço para superar o mal pensamento e fazer surgir o bom pensamento, nesse momento pratica-se o esforço correcto. E ao superar o mal pensamento com mente atenta e permanecendo com a atenção mental para possuir o pensamento correcto, nesse momento pratica-se a plena atenção mental.
Portanto, existem três elos da senda que são inseparáveis do pensamento correcto a saber: Correcta Compreensão, Esforço Correcto e Plena Atenção Mental Correcta.

Que haja muita saúde, alegria, paz, prosperidade, bem-estar, longa vida e felicidades para todo o povo brasileiro e toda a humanidade. Que todos possam compreender, para ficar e vivenciar os ensinamentos contidos nesta apostila, não só para o seu próprio bem e felicidade mas para o bem e felicidade de toda a humanidade, pela com paixão a todos os seres.
Apostila preparada pelo Prof. Kaled Amor Assrany,
coletada das próprias palavras do Buddha, em seus diversos sermões encontrados no Sutta-Pitaka

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