Rui Brazão

Rui Brazão

sábado, 26 de março de 2016

Pensamos de Mais e Sentimos de Menos

Pensamos de Mais e Sentimos de Menos

Queremos todos ajudar-nos uns aos outros. 
Os seres humanos são assim. 
Queremos viver a felicidade dos outros e não a sua infelicidade. 
Não queremos odiar nem desprezar ninguém. 
Neste mundo há lugar para toda a gente. 
E a boa terra é rica e pode prover às necessidades de todos. 
O caminho da vida pode ser livre e belo, mas desviámo-nos do caminho. 
A cupidez envenenou a alma humana, ergueu no mundo barreiras de ódio, fez-nos marchar a passo de ganso para a desgraça e a carnificina. 
Descobrimos a velocidade, mas prendemo-nos demasiado a ela. 
A máquina que produz a abundância empobreceu-nos. 
A nossa ciência tornou-nos cínicos; a nossa inteligência, cruéis e impiedosos. 
Pensamos de mais e sentimos de menos. Precisamos mais de humanidade que de máquinas. Se temos necessidade de inteligência, temos ainda mais necessidade de bondade e doçura. Sem estas qualidades, a vida será violenta e tudo estará perdido. 
O avião e a rádio aproximaram-nos. A própria natureza destes inventos é um apelo à fraternidade universal, à união de todos. 
Neste momento, a minha voz alcança milhões de pessoas através do mundo, milhões de homens sem esperança, de mulheres, de crianças, vítimas dum sistema que leva os homens a torturar e a prender pessoas inocentes. 
Àqueles que podem ouvir-me, digo: Não desesperem. A desgraça que nos oprime não provém senão da cupidez, do azedume dos homens que têm receio de ver a humanidade progredir. O ódio dos homens há-de passar, e os ditadores morrem, e o poder que tiraram ao povo, o povo retomá-lo-à. Enquanto os homens morrerem, a liberdade não perecerá. 

Charles Chaplin, in 'Discurso final de «O Grande Ditador»'

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