Rui Brazão

Rui Brazão

terça-feira, 5 de abril de 2016

A Libertação do Pensamento

A Libertação do Pensamento

Conforme o leitor vai crescendo, forma uma imagem mental sobre quem é, com base no condicionamento pessoal e cultural a que está sujeito. Podemos chamar de ego a este eu ilusório. Ele consiste em atividade mental e só pode ser mantido através do pensamento constante. O termo ego significa coisas diferentes para pessoas diferentes, mas quando eu o utilizo neste livro tem o significado de um falso eu, criado pela identificação inconsciente com a mente. 

Para o ego, o momento presente praticamente não existe. Só o passado e o futuro são tidos como importantes. Esta contraposição total da verdade explica o facto de no modo ego a mente ser tão disfuncional. Preocupa-se sempre em manter o passado vivo, porque sem ele... quem é você? Ele projeta-se constantemente no futuro para garantir a sua sobrevivência contínua e para procurar lá algum tipo de libertação ou realização. Diz: «Um dia, quando isto, aquilo ou tal acontecer, vou ficar bem, feliz, em paz.» 

Até quando o ego parece estar virado para o presente, não é o presente que ele vê: o ego interpreta o presente de forma totalmente errada porque o observa com os olhos do passado. Ou reduz o presente a um meio para atingir um fim, um objetivo que se encontra sempre num futuro projetado na mente. Observe a sua mente e verá que é assim que funciona. 
O momento presente contém a chave da libertação. Porém, o leitor não pode encontrar o momento presente enquanto estiver dentro da sua mente. 

A iluminação significa erguer-se além do pensamento. No estado iluminado, o leitor também utiliza a mente pensante quando é preciso, mas fá-lo de uma maneira muito mais concentrada e eficaz do que antes. Utiliza-a, geralmente, para finalidades práticas, mas está livre do diálogo interior involuntário e a tranquilidade interior existe. 

Quando o leitor utiliza a mente, em especial quando uma solução criativa é necessária, oscila de poucos em poucos minutos entre o pensamento e a tranquilidade, entre a mente e a ausência de mente. A ausência de mente é o consciente sem pensamento. Somente desse modo é possível pensar de forma criativa, porque só dessa forma o pensamento tem algum poder real. Por si só, quando já não está ligado ao mundo bem mais vasto do consciente, o pensamento depressa se torna estéril, alienado e destrutivo. 

Eckhart Tolle, in 'A Prática do Poder do Agora'

Sem comentários:

Enviar um comentário